O déficit da Previdência cresceu, chegando a R$ 50 bi em 2013, como mostram os dados do governo publicados hoje pelo "Estadão". Isso é muito preocupante, porque o Brasil é um país ainda jovem. Só 12% da população têm 60 anos ou mais. Hoje em dia, as pessoas, em geral, chegam a essa faixa etária com muito vigor, muita capacidade intelectual e física.
Quando a maior parte da população está na idade produtiva, e não é dependente (idoso ou muito jovem), há uma janela de oportunidade para o país crescer e resolver vários problemas estruturais. Os demógrafos costumam dizer que um país precisa enriquecer, primeiro, antes de envelhecer.
Só que o Brasil tem déficit alto na Previdência mesmo sendo jovem. Como será daqui para adiante se vamos viver cada vez mais? É preciso arrumar as contas.
Os dados do Ministério da Previdência, publicados pelo "Estadão", sempre me chocam: em média, o brasileiro se aposenta com 54 anos de idade; 20% se aposentaram ainda antes, com 50 anos. É muito cedo. Há várias distorções nesse campo.
Um estudo recente do Banco Mundial considerou o regime previdenciário do Brasil como um dos mais generosos do mundo. A maneira como se concede o benefício é generosa, não o valor dele. Por exemplo: mulheres muito jovens que se casam com homens bem mais velhos, que morrem primeiro. Essas viúvas, às vezes sem filhos, vão receber pensões da Previdência para o resto da vida, mesmo se casarem depois em cartório. E isso tem aumentado. Na Alemanha e nos Estados Unidos, países ricos, não é assim que funciona.
Há várias distorções na Previdência. Temos que resolver esses problemas enquanto somos ainda um país jovem. Os brasileiros vão viver mais, teremos mais idosos. O ministério tem os dados, mas nada faz, porque é antipático mexer nesse assunto. Cada vez que se fala em reforma da previdência, há uma "gritaria". Mas o Brasil tem de olhar para este tema com seriedade enquanto há tempo. E ele está passando rapidamente.
FONTE: http://oglobo.globo.com